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O homem que vende poesia

Tem um homem que vende poesia perto do Shopping Higienópolis. Eu já passei por ele várias vezes, nunca comprei uma poesia e de vez em quando até tentei justificar brevemente o porque. Minha irmã foi a primeira a ser abordada, mais ou menos um ano atrás:

- Você gosta de poesia?
- Gosto. - e o homem ofereceu um papel com uma poesia para ela.
- Ei. São dois reais.


Ela não pagou, devolveu o papel e continuou seu caminho sem poesia nenhuma. Ela gosta de poesia menos do que eu, de fato. Eu teria feito algo parecido, teria pego o papel e agradecido - porque sou boba mesmo, não para sacanear.

Pelo que percebo, pelo que o pessoal comenta sobre o homem das poesias, a maioria das pessoas que chega a responder ao questionamento é: NÃO! Alguns gritam até, combinam de responder simultaneamente ou coisa assim.

Ele não é um mendigo, talvez possa ser classificado como um hippie ou algo parecido. Tem um cabelão estiloso. Penso em comprar poesia dele de vez em quando, porque parece ser sincero o esforço em vender aquele trabalho artístico latente nos papéis que custam dois reais.

E por que eu nunca comprei?

Veja, eu não costuma sair de casa com dinheiro. Evito beliscar alimentos durante a tarde, e geralmente se carrego algum trocado, geralmente compro algo doce. Uma das vezes que ele perguntou se eu gostava de poesia, e isso faz muito tempo, respondi com toda a sinceridade do mundo:
- Não tenho dinheiro comigo nem para comprar bala na cantina do cursinho.

Na verdade, ele nunca sequer me falou que custava dois reais a poesia - quem falou foi a minha irmã, daquela vez, e mais um pessoal que eu conheço. Eu recebi a informação de segunda mão, admito.
O homem da poesia, por existir em um contexto específico, é conhecido por muita gente - inclusive por mim. Mas ele não conhece todas as pessoas que passam por lá, pergunta mais de uma vez para a mesma pessoa (inclusive para os que gritam NÃO!), enfim, continua sue trabalho - e isso é normal.

Antes ele do que uma certa golpista que ficava pedindo dinheiro para velhinhas dizendo que veio a uma entrevista de emprego, que não recebeu reembolso e não tinha como voltar para casa. Desses pequenos "golpistas", a vida urbana está cheia... E ela pedia, recebia e pedia de novo para quem vinha de longe e já tinha visto ela recebendo do passante anterior.

Mas o homem da poesia não é um golpista (acredito), pelo contrário, talvez seja até um artista não-reconhecido. E hoje, escrevo aqui sobre ele numa tentativa de aliviar minha consciência pelo argumento que usei nesta tarde abafada:
- Só discordo de seu uso para fins lucrativos.

Mentira. Não compramos livros, revistas, livros de poesia, etc? A arte da escrita é algo mais do que válido para ser utilizado com fins lucrativos, como forma de sustento - seja para comprar pão ou para comprar uma mansão faraônica à beira mar.

Uma poesia, que está contida em uma única página, custa dois reais.
Vinícius de Moraes, que está morto, tem suas poesias vendidas para os vestibulandos da Fuvest por R$19,20 em um livro de 324 páginas. Não sei quantas poesias o livro tem ao todo, mas mesmo assim o homem que aborda as pessoas na rua comparativamente é bem mais careiro. É questionável? Qual o real valor de uma nota de dois reais hoje? Eu respondo: o mesmo que uma de um alguns anos atrás, quem sabe.


Acho que vou andar com uma nota de dois reais no bolso, guardada para o homem que vende poesia na rua, esperando ansiosamente para ter acesso ao conteúdo de seus escritos.

Seriam poesias de amor?
Algo mais místico?
Revolta com a política da desgraça desse país?

Uma vez minha mãe deu dois reais por uma folha de poesia impressa (como são as desse cara), e decepcionou-se. Era uma dessas porcarias que recebe-se em scraps/spam do orkut, decorado com anjinhos e falando sobre "como é gostoso bjar vc" - coisa desse tipo. Existem mil tipos de poesia, claro.

Quando comprar a poesia, talvez poste aqui e escreva a segunda parte do artigo - ou não.


2 pessoas já expressaram suas ideias aqui... Faça-o também. =D

M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Um dia, Lu, quando encontrar o homem da poesia, eu vou comprar uma e ler em voz alta para você...

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"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo." - Voltaire


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